27.8.13
AOS 30 COM AMOR
10.8.13
STUDIO BABY
aí
eu não quis envelhecer mais alguns anos,
nem
contemplar a mesma fuga (válvula de escape),
pequena
dose de amor que você deixou secar ao sol por culpa de algum erro, noitada,
drogas, lance obscuro, carinha de anjo suspenso,
é
que você trancou as portas e eu me cansei do mundinho
como
no filme em que a balzaquiana quis desistir de tudo enquanto lavava os pratos,
molhava as plantas, caía adormecida no sofá,
faltaram
plumas, mistérios,
organização
das roupas íntimas, ressaca ao entardecer, relações cortadas,
o
vento numa desarmonia que desajustou a cabeça, os cachos,
o filme noir,
whitman
whitman whitman que me deixa mais louco na transversal,
o
ódio platônico,
o
jeans que tem caída melhor nele do que em mim,
grana
guardada no bolso, a reação íntima, intimidade procrastinada,
sexo
entre cavalos do mesmo naipe e eu ainda preciso muito que você seja
uma
pessoa sozinha,
relevante
no mundo,
deixando
alguma história após a morte,
caindo
de quatro enquanto é tempo, forçando a barra,
pois
a gente nunca consegue se libertar de uma determinada pessoa,
a
pessoa em questão,
você
sabe o nome e pensa e vive quase eternamente,
pois
o mundo é nosso pequeno segredo filho da puta,
sexo
monocromático que não teve estampas,
apenas lantejoulas.
Imagem: Lorella Peleni
2.8.13
DOC TXT MODERNO
simplesmente o caos ad
eternum. expressão latina do homem latin
lover que ainda não te ama, pois no meu quarto eu brinco de amarelinha com
os deuses. imagino então cindy, que mora além-mar e que seria tão interessante
se compartilhássemos uma bebedeira de vez em quando. escrevi um e-mail do
coração sobre a cidade, a fumaça, e as más companhias. ela concordou, disse que
se sente subestimada e que enfrenta problemas com a noite e com os fantasmas uó
das pessoas: auto-referências, crises de ego, estrelismos, etc. cansaço de quem
vê a decadência alheia e que se recusa a ser plateia de tal showzinho freak dos
fracos, oh lord. eu me pergunto: eles dormem tranquilos ao encostar a cabeça ao
travesseiro? fato: sabemos a resposta – inclusive você.
a existência é tão
frustrante, tão mesquinha, o despertador da vida clama, o trabalho te espera,
as luzes do trânsito, as personas certas, as erradas, as noites de zé ninguém,
as estrelas no céu, você sozinho e vazio no apartamento também vazio, dias e
tardes e noites que engolem o teu buraco negro. esqueça tudo, seja egoísta, banque
sua própria diva em potencial, seja piedoso com os animais, não force a barra,
nem faça a íntima – as pessoas percebem e isso não é cool.
em 1992 eu queria existir com a cabeça de hoje e dançar
deeper and deeper até que os calos me dominassem os pés. “a teus pés” da ana cristina
cesar sempre me acompanha na bolsa, é uma espécie de amuleto contra as
superbarras do inferno cotidiano. o sexo, as entranhas, você encolhido na
loucura. a moda que é se fazer de doida. nossos peixes no aquário sujo. “salão
chinês” que aos poucos precisa dar o ar da graça. contudo, você não deveria
engordar sua raiva contra quem ao redor não te acha incrível. mais uma vez e
repito: tudo está completamente desprotegido. os olhos ainda são telhas de
vidro. mas hoje, pela primeira vez, tomei um comprimido de diazepam. sente
só o feeling.
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