27.4.12

silly boy



Baby,

De galho em galho preciso entender as referências diretas.  Quem me culpa, insiste em procurar dados biográficos nos textos, nas palavrinhas de mera salvação. No fundo do poço a amiga sente identificação com as perdas, ou na melhor das tentativas, num carinho para chamar de seu. Uma louca, em plena mesa de bar, me abordou e disse que eu precisava “sair do armário intelectualmente”.

Tenho chorado aos poucos e descumprido o ritmo das tragédias. De quebra, me fisgam para conselhos amorosos quando sou a pessoa mais mal amada do mundo nesse quesito. Não contei que eu havia perdido o prêmio num jogo de cartas marcadas. Eu deveria ter esquecido que às quintas o peito toma ar de fera e destroça a decoração simples do quarto. Nem sempre o tempo necessário pra tanta dor de cotovelo e revolta. É que parti sem você mais uma vez.

Eu, que havia inventado meu próprio jogo, imaginei que tudo fosse uma questão de ordem. 


Silly boy.

12.4.12

a regra do corpo



terremoto de 8.0 na escala richter do meu cérebro.
por estes lados, não há em quem pensar, por quem sofrer.
o mundo tornou-se vago, & onde todos têm voz; creio numa sucessão de palavras antes de dormir, fechar a cortina dos olhos contra o mundo (ou a favor de nossos próprios mundos).
o projeto do livro precisa tomar fôlego, respirar os ares do vazio da casa.
provavelmente aquele momento em que você recebe convidados para um rosbife & pede licença enquanto se olha pela quarta vez no espelho.
o morro dos ventos uivantes na cabeceira pedindo uma segunda, terceira releitura.
wuthering heights do absurdo em meio ao concreto das sombras.
darkness, baby.
não compareci ao evento boca a boca por não saber o que vestir, qual desculpa usar, a hora certa do sorriso & do acerto, aperto de mão ou abraço.
desaprendi a regra do corpo, me preocupei por demais com a estilística – cruzei os braços sem que ninguém me visse.
mas amanhã, uma dose de amigos, cerveja, lapsos & laços que se despertam num nó.
tell me everything enquato há tempo.


imagem: james gallagher