“And I detest all my sins”
Madonna – Girl Gone
Wild
Eu
acredito que o sábado seja a menina dos olhos de ouro da semana. Então eu me
vejo no centro apocalíptico da cidade onde eu moro. As ruas abarrotadas de
gente, calor, água mineral por 1 real, camelôs magia, congestionamento, e numa
banca de jornal “Os artigos feministas de Virginia
Woolf” que eu não comprei por não ter um puto no bolso e por não saber onde
ficava o caixa 24h mais próximo. Na verdade, eu sou uma daquelas pessoas sem o
mínimo senso de localização, o tipo de gente que se perde no próprio bairro, na
própria rua, inclusive – e na vida.
Eu
já havia planejado, após o trabalho, sessão de cinema all by myself no shopping.
A pós-modernidade que oprime nunca foi tão babadeira. Aí como num estalar de
dedos de algum anjo misericordioso, a BFF Maarji
me envia um SMS para mais um encontro joy & satisfaction em seu apartamento:
“Ei, vem pra cá! A gente pode ver uns filmes,
nem precisa ter cerveja. Adoro quando tu vem. Vem!”
Saí
correndo e tomei um belo ônibus lotado de paixão. Nos encontramos no Extra Supermercado, onde saquei uma
grana e fugi do quiosque de milshake horrível, mas que me rendeu uma bela foto
sob o sol escaldante no sábado passado, cujo título foi: “Look verão depressão
feat. MILKSHAKE DE MORANGO”.
Pela
primeira vez na vida, havíamos combinado um encontro SEM CERVEJA (!), nos reuniríamos apenas para um bom papo ou algum
filme cult (nas nossas mentes).
Segue
então o diálogo quem-disse-o-quê próximo ao setor de bebidas, ou melhor, no
setor de bebidas em si:
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Vamos comprar pizza, coca-cola, batata ruffles, maçãs e...
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E o quê?
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Umas cervejas.
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Cerveja?
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Mas nós não íamos “não-beber”?
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Já que você não quer, vou comprar umas pra mim, então.
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Então tá, vamos levar umas 12?
Ok,
o plano anti-etílico foi por água abaixo, afinal de contas as nossas vidas (e a
sua também) pedem por algumas cervejas, acredite.
No
apartamento, Maarji, que não é santa, me mostra a edição especial do ARTPOP da Gaga que vem com um dvd do show ao vivo no iTunes Festival 2013. Enlouquecemos e apertamos o play cantando “when I lay in bed I touch myself and think of you”.
Enquanto
as cervejas gelavam, comentávamos o quão legal era a performance, as músicas,
todo o imaginário ao redor do ARTPOP, o duelo das divas, o possível ódio da
Madonna...
O
melhor desses encontros sabáticos é que prezamos tanto a irrelevância das
coisas que não nos importamos se é cool ou não curtir Lady Gaga. Somos todos little MONSTROS, anyway.
Após
o show, substituímos o suposto filme francês pelo documentário “Meu amigo Cláudia” que retrata a trajetória
da digníssima Cláudia Wonder:
transexual, e ícone da cena gay de São Paulo nos anos 80. Assistir esse documentário
foi uma espécie de celebração, pois Maarji recentemente finalizou um TCC sobre
a Cláudia.
Quando
nos demos conta não havia mais cerveja. Sem pensar 2x fomos novamente ao EXTRA
comprar mais alguns fardos. No caminho, queríamos saber o endereço do famoso
bar BOCA DE TROÇU. Perguntamos ao
caixa, que não soube responder. Até hoje vivemos com essa dúvida.
“Eu
falei: BO-CA DE TRO-ÇU”.
Mas
a noite pareceu não ter fim, dançamos, cantamos, fizemos vários
vídeos-dublagem, Maarji tirou a roupa e fomos felizes do nosso jeito. De quem é
a culpa?