24.9.12

primavera-verão de nossas flores

depois de muito tempo perdido na fogueira da perdição - the angels of my true love resolveram arquitetar um plano onde:

- não preciso matar 29 leões por dia antes dos sonhos;
- os livros serão distrações para momentos lânguidos ao lado de piscinas imaginárias;
- cantarei no corredor de casa (com a voz mais estridente do mundo) que as mentiras  
  brilhantes se transformaram num dom juan de quinta defasado;
- e antônio também decidirá "que ele mesmo irá comprar as flores".

12.9.12

sarajevo



Plantei o erro, parti o erro, eu sou o erro.
Tragicomédia cósmica.
A reticência da mente inclusive nos olhos, no aperto de mão, o coração saltitando em mesa de bar.
Solidão que me afundou nas drogas.
Eu quero sair daqui. Eu preciso sair daqui.
Você controla vida ferrenha, não falo grosso, qual é mesmo o nome?
Invento detalhes a favor do drama.
Um lindo dia até que a noite nos abocanhe, quem sabe, mais uma vez, para sempre.
It seems like I´m on my way to Sarajevo.
It seems like I need something to die for.
Preciso embasbacar as teorias da vida com você cada vez mais distante.
É nessas horas que o poema “Gods” de Anne Sexton me tatua a vida, pois meu nome não é Anne e eu tenho um plano.
O precipício sempre mais perto. A lua das recusas.
Eu como quem tripudia do diabo em dia santo – enquanto os santos me observam sem esperança.
Três tigres tristes – paixão.
Andorinha para o cu dos renegados.
Um mero nome que se rasga na carne, costela de porco, asas de avestruz.
Eu não me importo com a cadência de opiniões do meu quarteirão, pois não somos nada; supostos escritores.
E olhe que nem hei de citar os publicitários de merda.
Você sonolento, descolorindo as atenções, chamando a atenção do trânsito e dos monstros.
Eu me alimentando de chuchus e farras.
O dealer por perto (my man is not by my side).
Cortina transitória, os inimigos pagando o preço.
10 de setembro de 2012.
I didn´t mean to hurt myself in front of others.
Dormir tardes e manhãs para não enxergar a vida. O osso preso aos dentes, cada hora intoxicada. Mas hoje eu não quero morrer – apenas me distanciar concretamente das dores.
Eu me sinto totalmente desestruturado emocionalmente e você, bobo da corte, não há de identificar os detalhes, pois tudo se trata do vosso desinteresse.
Eu me deito e descanso até que a morte nos separe. Cruzo os dedos numa altivez de unicórnio. 

1.9.12

lágrima de osso



Cigarro após cigarro & cada baforada emite aquele tom degradê de recusinha, carinha de anjo mal amado sobre a superfície das coisas mais frívolas, meu Deus.  Vou emancipar a tal voz que resume coração alheio, coração meu, coração quiçá teu que não me alivia, nem me reveste num casamento de aparências. Mas se eu quisesse bancar o verdadeiro anjo, eu teria uma pobre asa mirrada presa ao tempo motherfucker de putinhos aniquilando ralé versus ralé nas minhas fuças. Domingo preso ao horário transmutado, bater o ponto, os pontos. Seguir na condução enquanto jovens de quinze anos comentam namoradinhos de plantão tão lindinhos, tesudos, jovens. Corro nas ruas tal & qual a imagem que o filme descreve na noite, ali na América do Norte onde jamais, oh jamais eu repousaria tranquilo. Porém a amigona de tempos árduos & resfolegantes utilizou todos os conselhos & recursos possíveis. Ela se cala, muda de assunto como quem esquece de descascar as bananas. Eu também tranco a voz, pois o desgaste na saliva me transportou num barco à deriva quando sofri noites sem dormir & me lancei nas drogas casuais, esfaqueando meu pobre teor romântico a favor de alguma síndrome sem nome. Climão das consequências. Dia seguinte num lago de flores murchas, dear daddy. Você aí parado, divulgando fotografias, cartas alimentadas por erros gramáticas de amor. Todas as dicas, táticas, planos por água abaixo no meu tapete de cinzas, destroços, animais abandonados nas esquinas. Vivenciando cada paixão ao sabor dos humores, tumores enfileirados num rosto tão impróprio às rugas. O fim que eu preciso discutir. Os créditos finais do inferno com jazz ao fundo. Planeta vertigem que dizima o alheio dos olhos. Posicionando-me, talvez, diante do espelho citado relapsamente como um vício ou macumba. De repente a puta realidade que se reveste nas merdinhas. Volto pra casa com os olhos costurados de frieza, como se eu partisse/retornasse ao invés de transitar entre os meios – o desenho do cavalo estampado na almofada sem perdão. & por hora, da janela, tudo é o meu direito à invasão: herói de um só gesto. Braços dados na cartinha de despedida que parabeniza. Perco tudo & por tão pouco me desprendo. Aves de rapina, queridinha. Não me dediquei por demais ao objeto que eu perderia? A culpa monopolizou geral os rostos dos dois amores que me matam de inveja – como se dois cactos, três cactos, infinitos cactos fertilizassem o solo, os solados, os solavancos dos pés. Água na boca da esmeralda, partido alto sem um mero oi ao acaso. Palma da mão perdida no mar onde tudo é âncora. Cigarro após cigarro nos fios de riscos negros da zebra perdida na savana.

[17.6.12]