Infelizmente fui educado numa instituição católica até os meus 16 anos, onde me mudei para a "big apple" do mal gosto & de gente não civilizada. Me larguei, abri os olhos & a boca, saí, bebi & percebi (com meus olhos de não sei o quê) que o mundo é bizarro & tudo é uma grande farsa de quinta categoria. Aqui, o meu propósito não é falar sobre religião ou princípios ou me lamentar ou criticar a "existência" em si. Não se trata de um dia de cão, ou de má sorte. É o meu momento-revolta, pois sempre tentei ao máximo ser transparente (o que se mostrou ser um grande erro). Todos somos uns filhos da puta & dane-se quem quiser, eu não me importo.
Antes de ontem, sim, foi um dia-cão misturado com cansaço, exigência de atenção & whatever, até sentar numa mesa de bar para a botecagem-salvação. Maarji telefonou, como se soubesse que eu precisava infinitamente dela: a ótima amiga, que veio ao meu encontro. Francisco Matias, também com sua visão apocalíptica do meu "desespero" telefonou & compareceu com sua presença digna. Leonardo (enquanto menos esperávamos) deu o ar de sua graça (para nossa supresa & gozo). Sim, o dia-cão se transformou numa mesa de amigos, sorrisos, inúmeras cervejas. Mas como se o destino quisesse ofertar o seu cu sobre a minha face, percebi que eu havia esquecido todo o meu dinheiro no hotel onde trabalho. Eu, cansado, exausto emocionalmente, fisicamente, mal vestido & sem um puto no bolso. Okay, amigos trabalhadores & prestativos ofereceram ajuda ao queridinho aqui, dinheiro não foi problema, dessa vez quem esfregou o cu na face do destino fui eu, ecoando a frase: "money is not my salvation, motherfucker".
Sim, o consumismo me encanta, pois Matias, estilista de nossos corações & da moda, trouxe pra mim a bolsa de sua nova coleção, caríssima, de couro resistente para vida, & só pagarei quando puder. Sem contar o presentinho adorado de Brayan Ivanovick: um colarzinho mimoso de caveira. Sim, caveira. Mas o tempo voou como uma gozada em milésimos de segundo quando Maarji & Leonardo tiveram que ir embora. Continuei na mesa, bebericando ao máximo como ninguém que eu conheça, com pessoas que eu nem sequer saberia distinguir o nome, pois eu já não falava coisa com coisa, eu não ouvia coisa com coisa, & a vontade de descansar lânguido na minha cama era do tamanho de um imenso pau que jamais caberia na boca. Então Matias me acompanhou até o táxi & pagou a corrida, é claro.
Porém hoje a volúpia me acompanhou por toda a manhã, princi"PAL"mente quando notei, com meus olhos de águia certo detalhe... certo exagero... certa imensidão... em fulano de tal que jamais ousarei dizer o nome & que jamais ousarei contar os detalhes aqui, afinal os meus olhos são capazes de me proporcionar orgasmos múltiplos. O resto é segredo imaculado. Por favor, não insista.
(Querido Pavel Novotny, desculpe a comparação, mas você não vale nada, pois você não é real & você mora na República Tcheca ou na Hungria & você é uma droga impossível de suportar aos olhos de um ser humano como eu, pois não sou geek, não sou trend, não sou fancy, não sou cool, não sou antenado, não sou in, sou HEAVYYY).
Posso continuar?
Não adianta confiar nas pessoas & a sua noção de "eu" é a sua maior cartada na vida, baby. Joana, no mesmo dia, me enviou via sms a seguinte frase do Bukowski: "Nunca me senti só. Gosto de estar comigo mesmo. Sou a melhor forma de entretenimento que posso encontrar". A falta de sexo gerou isso aqui, algo IMPENETRÁVEL. Mas sexo, como salvação ou libertação do estresse não tá com nada. Não sou alguém sexual, jamais serei alguém sexual & não saio por aí catando gente ou olhando de um lado para o outro em busca de vítimas frívolas. Afinal, se você sente prazer em transar com um corpinho sexy ao invés de uma boa cantada, de uma boa dose de inteligência, de senso de estética, de emancipação transcendental & de princípios íntimos-revolucionários, respondo com a seguinte declaração: você jamais fará parte do meu bonde, sweetheart.
Já não sei como continuar tal manifestação voluntária, tudo saiu como eu não havia planejado. Desejo o meu amor aos queridos, & aos inimigos, que eles sofram como eu sofri.
Blood is the new black. Segunda é o novo sábado. As drogas são uma delícia. & eu quero escrever cartas para contar & inventar todos os meus dramas. Como diz Ana Cristina Cesar: "Eu quero que você saia daqui".
Beijos meus no ponto onde tu há de desmoronar,
Antônio LaCarne.