24.9.13

HOT AMATEUR GUY


não é uma verdade universal imaginar que a última coisa que eu quis antes de me render ao verão foi:

a) imaginar você moreno, negro, africano, bibelô de ouro numa sunga branca molhada;

b) sentar no teu colo lendo bonequinha de luxo & recitando de memória alguma passagem do livro (para que você me explique com carinho o significado dos fatos);

c) cruzar o pacífico, as ilhas maurício, a costa do marfim & esquecer por completo o coração antigamente anulado na estrada;

d) você & eu emaranhados na areia, num jogo de nós entre duas aranhas completamente desestruturadas;

e) segurar o bronze, manter o tom altivo, speak our minds, mergulhar na piscina;

f) controlar a ereção como se fossemos responsáveis pelo bem geral da nação;

g) a sensação cósmica do ser & o futuro.

12.9.13

AMOR É INDEPENDÊNCIA



Dias atrás, ou mais precisamente numa terça-feira fatídica, me deparei com a edição de novembro de 2012 da revista Filosofia, onde Carlos Eduardo Doné escreveu um artigo cujo título “Amor e relacionamento versus felicidade” serviu como uma espécie de mão na roda/mantra em relação aos meus dias trôpegos e subservientes. Ou melhor, se refere à nossa conduta que generaliza a solidão como algo negativo, sem ao menos contextualizar as diferenças biológicas, fisiológicas, culturais e existenciais que nos caracterizam.

Doné estava certíssimo ao afirmar que não há um meio-termo entre um relacionamento ortodoxo e o hedonista proveniente da solteirice que, até hoje, infelizmente, carrega um fardo nas costas – pois estar solteiro não é visto como uma possibilidade, e sim como uma espécie de transição até você encontrar a sua cara-metade, isto é, a felicidade, e, sendo ainda mais preciso: o amor da sua vida.

Desde o século XIX com o surgimento do romantismo – e sem entrar no mérito da influência cristã – ainda somos marcados por ideais utópicos no que diz respeito às paixões e aos desejos de escapismo subjulgados ao que a sociedade impõe. O solteiro, por não ser socialmente aceito se comparado à leva de casais tipicamente felizes (ou mais próximos de um bem-estar amoroso/pessoal) busca um parceiro para se relacionar, mesmo que isso não o faça suficientemente completo.

Não é uma questão de inteligência ter a certeza de que o ser humano é um ser sozinho, e essa ideia de autossuficiência é deixada de lado quando desviamos a atenção de nós mesmos e plantamos inúmeras expectativas em relação ao outro.

A nossa opinião acaba por nunca ser genuinamente nossa. Se nos consideramos bonitos, inteligentes, sensuais, sensíveis, atraentes, é concomitantemente relacionado ao que a sociedade pensa sobre nós. Isso também é desencadeado pelos inúmeros fenômenos comportamentais que ditam uma tendência, pois, quem segue o rumo contrário, cedo ou tarde encontrará “o caminho”. Mas esse caminho, antes de tudo, é pessoal e intransferível.

É óbvio que um relacionamento amoroso que se encaixa na sua realização pessoal é algo de extrema importância para nós, pobres mortais, pois não somos máquinas programadas. E você inclusive deve imaginar que, por ter escrito isso, eu seja uma pessoa mal amada e nitidamente neurótica. Mas não, o que eu não quero é ser rato de laboratório de qualquer imposição criada pela religião, sociedade, cinema, literatura e os livros que autoajuda que se proliferam ditando “como você deve ser você”.

Acredito muito na visão de que eu tenho o direito de ser eu mesmo, pois não existe uma regra de conduta sobre quem é mais ou menos feliz. Eu sou único, você é único. Se o seu grande objetivo é um príncipe num cavalo branco, vá em frente e lute por isso, quem somos nós para julgar? Lembrem-se que nem Jesus Luz conseguiu agradar a Madonna...

Esse amor romântico de invenção cristã, segundo Schopenhauer, vai de acordo ao que André Comte Sponville também disse: “que mesmo o amor a dois deve ser solitário”. Tudo se baseia no senso de respeito e educação. Verdades universais são grandes farsas, e, mesmo que a sua farsa seja genuína, fortaleça-a o quanto possível.

Então encerro o meu discurso de solidão exacerbada (mas muito bem, obrigado) com a seguinte pergunta: você acredita que no man is an island?

O que sempre resta somos nós & o inferno são os outros.


8.9.13

SLEEPING PILLS


10
aos domingos as consequências do mundo são pesos que eu carrego nas costas. acho muito estranho e nada incrível o poder sombrio da ressaca, o silêncio do quarto, o vazio íntimo que você também carrega.

9
eu estou louco. não quero me casar.

8
16:42 e eu preciso muito me trancar no banheiro, abraçar o reflexo do rosto no espelho, respirar fundo.

7
a insônia se reflete no que eu gostaria de esconder, mas não consigo.

6
dessa vez mrs. dalloway desistiu de comprar as flores. ela sentou no sofá para assistir america´s next top model.

5
oi, você não vem sempre aqui.

4
música romântica onde o amor da minha vida sou eu mesmo.

3
emagrecer 2kg talvez ajudaria.

2
a vida é sempre um anteprojeto.

1
qual é mesmo o nome?