delícia,
você: pequeno príncipe enjaulado com o peito a descoberto. eu me concentrando
em bares, bebendo tal & qual a tua indiferença de copo em copo, cinzeiro
sujo até a tampa, aquela doce babaquice que me envelhece por dentro antes do
tempo.
os
postais desviados por mero desacordo ortográfico de tempo & espaço entre
destinatário & remetente. o carteiro que ouve as minhas queixas. retaliação
ao processo que se transforma em inferno nos dias de correspondência acumulada,
chuva desnecessária, ritual sádico das individualidades cotidianas.
daí
investigo que o look do dia é uma fraude. minhas barbas de molho enquanto lavo
as mãos & entrego as sujeiras da memória aos deuses parados, calados.
lazers no olhar desintegrando realidade animália que me populariza nas sombras.
quintal sem galinhas onde fujo da quizumba & me escondo na alcova da
empregada.
não
há perdão: pobre de você, tão jururu ao lado da piscina.
dizem
que este é o remédio para quem marcou um x no mapa do amor. dizem que este é o
perigo disfarçado no zoom das fotografias. meu rosto que abocanha algum
orifício preso na parede dos teus lábios, como se eu te abraçasse como amigo
& no fundo tirasse uma casquinha.
então
lalheska lanvin me convida para o limbo dos drinks até a meia-noite. cruzamos
as pernas numa antipatia inevitavelmente catastrófica, porém nos desintegramos
a medida que a música atrai uivos & aplausos – nos recusamos aos bailes de
máscaras por falta de dinheiro, ascensão & simpatia.
uma
espécie de satanismo do coração.
queria
que você me amasse pra caralho, ou que experimentasse o buraco azul piscina
onde me afundo? ser quem ele foi & gritar o que ele tem que eu não tenho. talvez a amarelice desbotada de quem nada diz – ou na pior das hipóteses,
eu seria um lixo reciclado entre quatro paredes.
o
mel de tanta desconexão. nuvens de leões ferozes aqui esculpidos. mas por você
eu daria piruetas, aceitaria sem piscar duas vezes minha lua em peixes.
regra
do aqui se faz, aqui se paga. espero concomitantemente como o primeiro da fila,
olhar fixo de pedra, boca suspensa no fim do jogo. protocolo da convivência
pacífica com o espaldar do mundo. visto negado por tempo indeterminado no
aeroporto de xangai.
peço
que não insistam no papo, hoje acordei líquido.
quem
me jogou fora, de longe observa meu rastro de sangue ou o plano para o próximo
livro sem festa, licor, balacobaco.
acreditem
enquanto é tempo.