12.9.12

sarajevo



Plantei o erro, parti o erro, eu sou o erro.
Tragicomédia cósmica.
A reticência da mente inclusive nos olhos, no aperto de mão, o coração saltitando em mesa de bar.
Solidão que me afundou nas drogas.
Eu quero sair daqui. Eu preciso sair daqui.
Você controla vida ferrenha, não falo grosso, qual é mesmo o nome?
Invento detalhes a favor do drama.
Um lindo dia até que a noite nos abocanhe, quem sabe, mais uma vez, para sempre.
It seems like I´m on my way to Sarajevo.
It seems like I need something to die for.
Preciso embasbacar as teorias da vida com você cada vez mais distante.
É nessas horas que o poema “Gods” de Anne Sexton me tatua a vida, pois meu nome não é Anne e eu tenho um plano.
O precipício sempre mais perto. A lua das recusas.
Eu como quem tripudia do diabo em dia santo – enquanto os santos me observam sem esperança.
Três tigres tristes – paixão.
Andorinha para o cu dos renegados.
Um mero nome que se rasga na carne, costela de porco, asas de avestruz.
Eu não me importo com a cadência de opiniões do meu quarteirão, pois não somos nada; supostos escritores.
E olhe que nem hei de citar os publicitários de merda.
Você sonolento, descolorindo as atenções, chamando a atenção do trânsito e dos monstros.
Eu me alimentando de chuchus e farras.
O dealer por perto (my man is not by my side).
Cortina transitória, os inimigos pagando o preço.
10 de setembro de 2012.
I didn´t mean to hurt myself in front of others.
Dormir tardes e manhãs para não enxergar a vida. O osso preso aos dentes, cada hora intoxicada. Mas hoje eu não quero morrer – apenas me distanciar concretamente das dores.
Eu me sinto totalmente desestruturado emocionalmente e você, bobo da corte, não há de identificar os detalhes, pois tudo se trata do vosso desinteresse.
Eu me deito e descanso até que a morte nos separe. Cruzo os dedos numa altivez de unicórnio. 

16 comentários:

  1. Incrível a força que emana daqui. E quase impossível não me identificar.

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  2. eu diria que, não fosse a altivez de unicórnio, o bobo da corte seria você.

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  3. Antônio, surpreendente o teu texto. Estou cada vez mais viciado em tudo o que você escreve.

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  4. Queira mais para si, isso aí é muito pouco
    {e não falo do texto}

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  5. E uma vez lá, em meio a tormenta, as dores ornamentam as paredes e velam o sono que não pedimos.

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  6. Não dá pra distinguir o que é realmente bom ou ruim. Focar-se nessa realidade plástica e superficial de conceitos, metas e convenções ou afundar-se totalmente em um escapismo surreal e pessimista, nos delírios mais no sense de nosso inconsciente. Atualmente, me vejo como uma trapezista suicida: Um cambaleando sobre o fino cabo de aço da realidade, e ao mesmo tempo, desejando com todas as forças me jogar no abismo da utopia.

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  7. dormir tardes e manhãs para fugir da vida. cambalear entre precipícios pra se safar da morte.

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  8. "Preciso embasbacar as teorias da vida com você cada vez mais distante". Essa é a resposta para os tormentos. A distância para estar distante e mais próximo de si mesmo.

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  9. Olha, não sei se isso vai soar um elogio para você, saiu de mim como elogio: eu leio o que você escreve e é como se você fosse uma mistura de DNA próprio com Bukowski e Caio Fernando Abreu, salpicado de Leminski.
    HAHAHAHA
    Me desculpe por ser louca.

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  10. estás equivocado

    "pois não somos nada; supostos escritores"

    este teu texto não põe o dedo na ferida, ele esgaça-a

    beijo


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  11. "Eu não me importo com a cadência de opiniões do meu quarteirão, pois não somos nada; supostos escritores."Tomei um susto ao ler esta frase. Um texto questionador ou autoquestionador, denso, imparcial, pois te colocas em xeque também. Isto é que eu chamo de um texto instigante.
    ps. Meu carinho meu respeito meu abraço.

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  12. Olá. Vim agradecer o comentário no meu blog, fico feliz que tenha gostado das postagens! Seu blog também é deveras interessante, parece-me uma mistura de intimista e modernista, pela falta de preocupação estética obstinada. É curioso ler a crueza de alguns versos...
    Abraços

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  13. Excelente texto.
    Excelente blog.
    Voltarei mais vezes.
    Beijos

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  14. Dependo dos teus textos, moço.
    Abraços.

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