23.12.13

ANA CRISTINA CESAR & UM SIMPLES CAMPONÊS SERVIL


Eu poderia começar este texto assim:

Lendo e relendo a obra poética de Ana Cristina Cesar, eu tento decifrar o mapa circunstancial da palavra-registro, do registro que se revela pela metade, do relato íntimo através de cartas; e de uma espécie de confidência sem ritmo que oscila entre a realidade confessional e a literária. Como ela mesma escreveu em “Correspondência Completa”, livreto composto por uma única carta em edição artesanal de 1979: “Fica difícil fazer literatura tendo Gil como leitor. Ele lê para desvendar mistérios e faz perguntas capciosas, pensando que cada verso oculta sintomas, segredos biográficos. Não perdoa o hermetismo. Não se confessa os próprios sentimentos. Já Mary me lê toda como literatura pura, e não entende as referências diretas”.

Mas não, só preciso manter o registro de que Ana C. é  minha poeta brasileira favorita. “A Teus Pés” é a bíblia dos meus dias, o meu livro-consolação/obsessão, o conforto para o vale de lágrimas, o diamante mais brilhante da cabeceira.

Mas Ana, querida, você está certa e errada ao mesmo tempo. Cedo ou tarde precisamos sim confessar nossos sentimentos. E o hermetismo é uma faca de dois gumes, afinal há anos não acredito em verdades universais.


30 anos após sua morte, eu me compadeço das minhas feridas e das tuas, como um simples camponês servil que ritualiza o silêncio no peito na hora do rush dessa terrível cidade.

4 comentários:

  1. Estou descobrindo ela aos poucos! Simplesmente fenomenal!
    Gostei do seu espaço. Estou te seguindo!
    http://mardeletras2010.blogspot.com.br/2013/12/tudo-que-e-solido.html

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  2. Para a minha vergonha, não conhecia a poetisa.

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  3. A TEUS PÉS É UMA OBRA SENSACIONAL E INDISPENSÁVEL.

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