27.6.13

fake shit


I don´t know you anymore from the bottom of my heart. Cair descalço na escuridão é um galho. Morrer de sede é uma afronta contra você mesmo. Eu ando em círculos, atendo o telefone, eu bebo o achocolatado do medo. Penso dois milênios em como se desapegar das pedras e dos cristais por todos os lados. Mexeu comigo, mexeu com o diabo. Você aí, segura nos bolsos os recursos que eu queria manter. A noite se transformou numa gata rodopiando aquele circo de quinta onde você também é um palhaço, o auto-reflexo do espelho. Um texugo verbalizando conselhos atômicos. Então let´s get out of here por um minuto apenas. Eu deixei que a boca se transformasse num véu onde as verdades foram inventadas ao acaso. Dizem por aí que eu me transformei numa dona-de-casa sem escrúpulos. Mas por bastante tempo, o impulso sexual de Klauss (monstro cheio de detalhes) foi digno de nota nas rodas comportamentais – afinal a intelectualidade das caras é ninho de ouro em terra de ninguém. Você não deveria ser a pessoa mais comprometida do planeta. Você não deveria ficar de quatro esperando o preenchimento das dúvidas. Morro de vergonha destes tempos. Carinha de anjo enquanto brincamos no inferno, pois rasgamos infinitamente os livros de autoajuda em busca de algo mais. Uma xoxota universal proferindo o caos, a vergonha das pernas, o jantar que não foi especial. Num campo de girassóis e hortênsias sujas de merda, eu também pago o preço bancando o otário, o sujo, o desestruturado emocionalmente. Na verdade eu nunca quis cartas de afeto, e sim es-tru-tu-ra. Eu me encontrei, velha e louca, dançando balé sobre todos os túmulos, inclusive os meus. Dramalhão de quinta onde os cegos são instrutores na queda livre.

Imagem: Steven Russell Black

7 comentários:

  1. Cara, que bárbaro!

    Identificamos-nus, pois.
    Prazer, prazer... seja e se achegue bem-vindo.

    Eu voltarei por aqui, por mim.

    facebook.com/gowilliam o/

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  2. Antonio, O Salvador Dali dos versos. Que viagem entre imagens e estímulos!

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  3. adorei que esse texto começa com uma linguagem totalmente diferente da que termina.

    O importante é ser quem você é de verdade e não ter vergonha de nada do que gosta, por mais insano que possa parecer,o mundo é uma grane hipocrisia.

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  4. Porra, muito bom! Sem nenhum lugar-comum ou clichê. Fui arrebatado com o "bebo o achocolatado do medo".

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  5. "Uma xoxota universal proferindo o caos" - eu queria ter escrito isso. Abração. Tadeu S.

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  6. 'Morro de vergonha destes tempos. Carinha de anjo enquanto brincamos no inferno, pois rasgamos infinitamente os livros de autoajuda em busca de algo mais' - adorei isso, alíás, ler este blog é um evento, uma experiência, é só prazer na leitura.
    ps. Carinho respeito e abraço.

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