6.2.14

A VIDA É O DOCE


no dia 26 de janeiro de 2014 eu escrevo este poema,
é domingo e a inspiração é um cachorro doido,
a programação da tv me ignora,
e não fui ao shopping por preguiça, intolerância e dissabor,
não chove na cidade,
não existe um latin lover no peito,
nem boys à espera,
nem links pornográficos perfeitos,
pois no meu curral eu sou uma vaca pastando sozinha,
e de noite as muriçocas me comem vivo,
triste fato,
a eterna compensação difícil,
o eterno tom blasé dos deuses,
ou das pessoas que você mais odeia,
então eu deito na cama e imagino
raymond radiguet nu ao meu lado,
assim como quem vê no céu um pássaro ou um avião,
e ainda tenta prolongar o orgasmo.

6 comentários:

  1. Eu apenas a-do-ro essa sinceridade,cara!
    C'est la vie!

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  2. Eu abraço tua visceralidade e teu ser exposto.

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  3. "pois no meu curral eu sou uma vaca pastando sozinha", adorei isso rs...não lembro deste domingo, mas devia estar a mercê da programação da tv aberta, mas tu descreves com uma precisão cirurgica as dores desse dia - diria um titã: domingo eu quero ver domingo acabar. E tenho de aturar' o eterno tom blasé dos deuses'. Caro LaCarne, preciso vir mais aqui, teu texto é inspirador.
    ps. Carinho respeito e abraço.

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  4. eu tive que ler esse poema pra me dar conta de que foi o primeiro ano em que não teve chuva no meu aniversário - pelo que me lembro, assim
    é banal, mas a chuva não é banal, ficar velha também não, nem as vacas que pastam nem os orgasmos que se prolongam.

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  5. Excelente. Uma alma exposta num monótono domingo.
    xx

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  6. Uma baiana entediada, na solidão dessa madrugada de domingo, te encontra por acaso em meio a tantos títulos de blogs e se sente tentada a conhecer esse ser impenetravel e simplesmente se encanta. Teu blog é nu e cru menino. Parabéns!

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