11.5.13

golfinhos


queria muito escrever um relatório banal (interessante) ou chorar trágicas pitangas após um dia jururu. é incrível, mas as pitangas estão lindas e viçosas; e jururu é o mundo, não eu (sob a perspectiva de virginiano neurótico). a verdade é que a frivolidade das coisas não mais me espanta ou inspira. maravilha, não é mesmo? eu gostaria muito, querido leitor do coração, de narrar (por toda uma eternidade que não caberia na falta do que fazer da internet) todas as nuances da minha vidinha medíocre e da sua também. não me tornei um monstro, nem engolidor de facas, muito menos uma boneca possuída. assumir o que chamam de verdade interior não é coisa de fã de clarice lispector, é simplesmente uma arte, uma afronta ao universo que te engole e cospe o caroço fora. e hoje não posso me render aos drinks. nem ao amor preso às circunstâncias, pois aquele boy montado no cavalo branco partiu sem sequer anotar o número do meu telefone. juro que não derramei lágrimas de sangue. mas o eu trágico cumpriu uma tarde inteira de esperanças positivas. tudo deu errado na hora certa e a minha pele continua a mesma, sem nenhum arranhão. acordei, inclusive, com um pingo de sensibilidade de quem declarou (bêbado) amor ao planeta na noite passada. uma espécie de glamour caótico dos novos tempos, como se eu abortasse uma superbarra tragicômica muito antes dela existir. mas vocês fazem tudo errado: dilaceram questões, transformam autoafirmação em obesidade mórbida, não sustentam a paquera, não racham a conta do bar, insistem no look do dia. nunca tudo esteve tão irrelevante na classe média-whatever de nossos anseios. por sorte, mia farrow esteve aqui e revelou barbaridades sobre o inferno que você também vive.

12 comentários:

  1. eu também ando nessa contramão da vida, e viro a cada esquina quando penso que vou me encontrar, mas é só decepção. uma barra, amigo. não tá fácil pra ninguém.

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  2. se a pretensão era parecer despretensioso, deu errado: tá genial.

    beijaço

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  3. tô lendo Elefante-Rei e amando demais. <3

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    1. mesmo, querida? tenho muito orgulho de ter escrito esse livro, mesmo achando ele meio bobo. ;) mas que ótimo que vc tá gostando.

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  4. Muito bom, genial eu diria.
    Grande abraço e sucesso!

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  5. Realmente, anda tudo tão irrelevante na classe média-whatever, que texto genial, como disse o colega acima, se a ideia era ser despretensioso, não deu certo, foi genial!

    Tem texto novo lá no meu, um desses que você diz ser moderno.

    Um super beijo
    http://venenosemacas.blogspot.com.br/

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  6. "assumir o que chamam de verdade interior não é coisa de fã de clarice lispector, é simplesmente uma arte, uma afronta ao universo que te engole e cospe o caroço fora"

    Tem razão.

    Quanto a tal banalidade, a minha esperança é que faça parte do ciclo. Há sempre um ciclo, não é?

    Aquele abraço!

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  7. Estamos na mesma!
    A Cinderela que deixou o sapatinho, correu logo depois pra pegá-lo com as próprias mãos.

    Força aí e bora pra próxima!

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  8. Meu surpreendente LaCarne, começei a leitura e logo me deparo com as possibilidades da pitanga, que pode ser um pranto de lágrimas e uma fruta linda e viçosa, então me toquei que estou entre a cruz e a espada, e que há muito a ser feito, muito a ser entendido...chego mais uma vez em meu reflexo no teu texto: o universo te engole e cospe o caroço (achei genial esta imagem e tem tanto de mim nela rs). Tenho muito medo de naõ conseguir me livrar da banalidade das coisas, de tudo, de mim, do tempo...é muito prazero ler-te.
    ps. Meu carinho meu respeito meu abraço.

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  9. LaCarne bate e rebate (os teus textos se tornaram meu vício)

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  10. é, não tá fácil mesmo.
    adoro como você escreve.

    abraços.

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