16.5.12

sex appeal é uma rota de camelos, amorzinho


uma larga manhã de tarde, noite, cinza que enfileira o caos dos prédios. qualquer deus que me observa, talvez desatento, e diz que este não é o meu lugar. por uma questão de segundos, aquele presente sorriso às escuras interrompe meu corpo à noite, ao norte, dinheiro guardado no bolso - me tranco no quarto de hotel, sem perdão.
o rastro de um canto sem lagos. arrumo a mala devidamente presa ao meu calcanhar num salão de dança onde o príncipe investe seus beijos contra a parede.
aí fujo ao mesmo plano. gargalhadas se aprofundam nas raízes do jardim aqui transformado em rota de compreensão sem nome ou destinatário.


este exercício é outra nota, outra sombra própria para a morte dos que lamentam o próprio ritmo rumo ao mundo de farsas e nadas.
sex appeal é uma rota de camelos, amorzinho. antes de ontem perdi mais uma vez você de vista enquanto meus vinte e oito anos me empurram num berço de crianças raras.
adoro montanhas como quem se joga de um prédio. quem está por último há de colher a minha rosa, lamber o meu sexo e devorar a minha maçã.
trancado no quarto, penso no que eu poderia ter vivido caso adolescência versus maturidade tombasse de quatro e então fizéssemos amor às claras.
de repente leio sylvia que diz: "vague as fog and looked for like mail". que maravilha não ter você e crescer com esta ausência.

Imagem: Allison Diaz

12 comentários:

  1. sempre me sinto em casa aqui. é impressionante... mesmo que eu não queira, mesmo que eu force o estranhamento, algumas frases deste texto (e de outros) me trazem a mim mesma.
    a frase "gargalhadas se aprofundam nas raízes do jardim", não sei exatamente por que, me lembrou do filme Melancholia.

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    1. nossa, aline, interessante. agora me deu vontade de rever o filme. obrigado pelo comentário. ;)

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  2. Gostei do não ter você e crescer com sua ausência.

    Registrado.

    Abs

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. São tantas imagens que até dá uma vertigem na minha retina cerebral.. "Qualquer deus me observa". Massa demais.

    #Ausência faz crescer pra dentro... como um buraco negro.

    See you.

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  5. querido, o texto que você gostou do Eduardo Basszczyn não sei se está nesse livro: http://www.livrariacultura.com.br/scripts/resenha/resenha.asp?nitem=11010332&sid=9104721181451574823559539 - mas tem tantos outros ótimos.

    foi lançado há pouco tempo... ainda não tive a oportunidade de ler todo. bom, fica a sugestão de leitura :)

    um beijo,
    é sempre bom receber as suas visitas.

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  6. Realmente se encontrar em meio as palavras de outrem é no mínimo estranho e interessante.

    Imagens e sons me vem a mente no meio das tuas palavras e conexões, bem, não tem como não fazer conexões com a nossa vida.

    "este exercício é outra nota, outra sombra própria para a morte dos que lamentam o próprio ritmo rumo ao mundo de farsas e nada"

    E aqui encontro tanta coisa...

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  7. Lindo texto, como sempre.. :)
    Me identifico imensamente com as tuas divagações. Em alguns momentos, sinto como se estivesse falando de mim.

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  8. Adoro a viagem que você faz: no corpo, na alma e no vazio.
    Concordo com você que a gente cresce coma distância, mas ela só se dá com o encontro. Somos masoquistas.

    Beijo.

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  9. Velho, os teus textos são coleções de frases que ficam rodando em minha cabeça feito vodka
    O efeito é dos melhores
    Na ressaca eu caio em mim

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