26.12.14

EU SEI QUE VOCÊ ESTÁ MUITO CANSADO DE TEMAS EXISTENCIALISTAS


Estudei o cosmos por dentro de você e ainda não sei o nome, não sei quem sou, ou se no sábado à meia-noite haverá lobisomem trocando a pele. Vou sempre embora no momento em que você chega, fecha as portas, não me encara propriamente. Você é o único objeto que me desestimula as mãos num abraço. Perco a ginga e só quero sair pra fumar. Este acordo não se fortalece. Escrevi parte de um livro sobre você, mas agora outra história toma forma. Já não boto mais fé na tua sacanagem, pois os meus pensamentos são partes de um dadaísmo desconstruído pela impressão normativa alheia; afinal sempre achamos que estamos certos. Ilusão cheia de decoro, meu parágrafo que não ativa o fogo. Preciso ser mais sério antes que o esforço desafie a noite. Eternamente, eu sou isso: uma luz de abajur sobre a cama, quase qualquer frase de efeito num muro por aí. Este ensaio peca por si só numa curva estreita onde manobrista algum tem vez. Eu sei que você está muito cansado de temas existencialistas.

Imagem: Coelho, de Sofia Borges

Nenhum comentário:

Postar um comentário