Eu não preciso dessa
história toda. Você aí parado me entende quando digo que já passou da hora &,
aos 29, outro lance barra pesada vai tomar forma, assim como o jovem mancebo
que voltou de Constantinopla cheio de novidades. Até eu mesmo fui capaz de dizer
que acabei com tanto exagero, drogas, esquina da cidade rumo à festinha
esdrúxula. O lance de tirar foto diante do espelho para que você, aí de bobeira,
me persiga & me entenda & que não queira colidir nossos prédios no
peito. Hugo Chávez morre. A Europa vira do avesso. Recebo e-mail com as
palavras mais lindas de Fellipe pronto para observar o mundo. & ainda perdi
tempo com a cabeça baixa, andando de lado, repensando o modo de reaver o perigo
da noite na palma da mão. Tudo ao contrário, as extremidades distorcidas. A
amiga que desistiu da amizade. A amiga que faz escova no cabelo. O amigo que
telefona agradecendo o cumprimento. Eu que saio para comprar mais cigarro,
contemplando o status de persona obcecada, bêbada & suja por dentro. O
status número 2 que reavalia o modo de curar uma dor enquanto se escreve um
livro, pois o meu livro terá o título de “Salão Chinês” & espero ventura,
registro oportuno do momento. Cada vez mais devoro a paranoia a favor da poeta
que requebra por aí cheia de beleza, inspiração, palavra certeira: flecha em
nossos corações de monstro. De quebra, sou seu maior stalker. Hoje pensei que
talvez haja algum problema psicossomático, a falta de grana na carteira, o
arbusto que cresce & cutuca as partes íntimas. Enquanto isso, você esquece
dos pormenores enquanto gasta tanta energia com esmalte & o tapete vermelho
do Oscar. Mas era maravilhoso aquele vestido da Jessica Chastain. Aí me
proponho a ser repetitivo, reclamar do calor, dos buracos no asfalto, dos truques
do amor, daquele outro amigo que se deu mal enquanto patinava sobre o sexo dos
homens acima de 40 anos. Uma armadilha, meus amigos. Uma armadilha que me
preserva. Ou quando hétero ruim de cama & bocão afirma detalhes sobre uma
noitada com a loura mais bonita do pedaço? Sim, eu acho incrível o que o
querido Tadeu Sarmento escreve & cada palavra que ele diz soa como se eu
fosse a menor das pessoas que também escreve. Ou quando quem eu considerava
sexy & amigo se afastou por motivos óbvios, afinal amigo gay com
sentimentozinho out of control é cilada, galera. Todas as segundas-feiras são
embustes que abocanham o prazer de nossas genitálias. Amo você até o ponto em
que a minha inspiração afoga as palavras doces que eu te diria ao pé do ouvido,
porém love makes the world go round & é possível que a medicação, até
certa altura, não faça o mínimo efeito. Desculpe a opinião sincera, eu estou
vivendo.
os momentos confessionais são sempre poéticos e doloridos. Ninguém confessa sem dor. Creio na confissão, mesmo as inventadas de algum modo, distorcidas e dilapidadas por não conseguirmos a forma correta que, simplesmente, não existe. Nos tornamos transparentes no que temos de mais opaco. No meio disso tudo, uma frase salva, ou termina de afogar o sujeito: "& ainda perdi tempo com a cabeça baixa, andando de lado, repensando o modo de reaver o perigo da noite na palma da mão." Abraço!
ResponderExcluirOlá amigo Antonio, profunda e verdadeira reflexão do que somos e sentimos, como sonolentos ambulantes que vagueiam numa vida vegetativa e sem objetivos, perdidos num emaranhado de pensamentos e sendo direcionados por influências de comportamento social, muitas vezes não somos nós mesmos. Seu texto nos leva a pensar que devemos buscar o nosso verdadeiro ser, mas sem perder a noção da rotina que a sociedade nos impõem, usando nossas máscaras que tiramos diante de nós mesmos, em pensamentos que de alguma forma nos dizem: essa é a vida, mas que vida? quem sou eu? estou vivendo ou vegetando, seguindo na fila que esvazia a alma do seu próprio objetivo?
ResponderExcluirParabéns por tão profunda reflexão, amigo.
Ghost e Bindi
muito obrigado pelas palavras, fico muito contente por ter gostado. :)
ExcluirJunkear é uma arte pra poucos.
ResponderExcluirMuito bom! São palavras que soam com um relato ficcional.
ResponderExcluirBeijos.
de doer de bom!
ResponderExcluiradorei aqui, assim, minimalista.
beijo querido.
Obrigada pela visita!
ResponderExcluirGostei do texto, lembrou-me alguém que agora não me vem o nome.
Abraços!
Delicioso, despretencioso. Uma obra de arte.
ResponderExcluirIncrivelmente confessional e denso!
ResponderExcluirBelo!
Minha reação na última frase: :O
ResponderExcluirCara, tu mandou muito bem nesse texto. Gosto de textos assim, pausados, diretos.
Arrasou!
alguém aí em cima comentou sobre o "uso de máscaras"...
ResponderExcluirdias desses ouvi de uma conversa (que não era minha, ou seja, eu não era uma das interlocutoras), dessas conversas de fila de banco ou de sala de espera para a consulta no médico {não interessa} uma pessoa que disse:
"quem usa máscaras, é um personagem, e não é livre."
na hora me bateu o 50%/50% de concordância sobre o assunto.
quem usa máscaras, se defende do que é.
quem é um personagem, é livre para interpretar quantos quiser.
não se reprima tanto por não viver o 100% do que você é, todo o tempo, o tempo todo.
eu sempre fui muito intensa, 8 ou 80, mas "água dura em vida mole tanto bate até que cura"... e ando percebendo que 40 também é possível.
nem tanta intensidade, nem tanta superficialidade.
quem é intenso, morre cedo.
quem é superficial, não sabe viver.
quem é moderado, conta muita história...
{e você tem um livro para escrever}
bola pra frente que atrás tem editora louca pra comprar seus direitos autorais C:
xox
amo você! nunca perca a sua essência!
encantadíssimo sandra, assim você me faz chorar, sweetheart. <3
ExcluirReflexivo, e o tanto realístico em algumas frases que é realmente fascinante. Muito bom.
ResponderExcluirhttp://desventuras-em.blogspot.com.br
Na segundo eu estanco...
ResponderExcluirAntônio, você é bom. Sim, há uma fluidez no seu modo de escrever. A gente lê devorando cada palavra e tentando assimilar cada pensamento e sentimento. É uma experiência muito gostosa.
ResponderExcluirAdorei, cara. Parabéns!
Sacudindo Palavras
antônio! que texto maravilhoso!
ResponderExcluirconfesso que me perdi por diversas vezes no emaranhado dos seus dias, mas achei de uma riqueza formidável.
tava precisando de uma leitura dessas.
Apenas li este post. Mas a minha opinião nem sequer carece de confirmação, já que ao fim de meia dúzia de linhas se vê que estamos na presença de um escritor. Porque há um estilo muito próprio e original na tua narrativa. Pelo menos para mim, embora eu não tenha lido todos os escritores do mundo inteiro...
ResponderExcluirCaro António, obrigado pela tua visita e um bom fim de semana.
Um abraço.
Gostei do seu modo de escrever.
ResponderExcluirParabéns.
um abraço
eu te leio e não sei o que dizer, o que comentar! é sério! :O
ResponderExcluiré choque de realidade, de crueza. não sei explicar!
~~ Emilie Escreve ~
Suas palavras são sensoriais, são incríveis e com frequência sinto que qualquer coisa que eu comente é pouco. Então dessa vez vou apenas agradecer por você escrever :)
ResponderExcluir;***