domingo:
outono-inverno de nossos medos.
é assim:
volto pra casa com uma flecha cravada ao peito. o telefone toca e você calado, parado, omisso. eu tão murcho, compensação na hora errada. personas (possíveis gralhas) que não codificam a troca de olhares, a cerveja tão quente, o ritmo apocalíptico do inferno. vou embora com o olhar fixo nos degraus dos passos. sou firme, alto e um falso tolerante. todos os celulares desligados. perguntam se tudo está plenamente vasto, pago a conta no logaritmo dos deuses, ninguém ousa compreender, pensam em mim como o temperamental sem razão, ser impenetrável de quinta.
acendo mais um cigarro, dor na garganta, você não atende o telefone pela segunda vez, sofro como um monstro, postura ereta às 5 da manhã. é que é domingo da salvação em plena selva: segundo cigarro ad infinitum no coração. dorzinha de amor em pleno outubro, o cu sujo de sangue, tentativa morgada de suicídio. wanting to die like my favorite poet. você se importa? todos somos megeras, putas, aniquiladoras de paus em riste – lambendo cada membro como numa dedicação aos números, às somas, às multiplicações do desejo.
aí sumo por uma semana e evito cena perante o cúmplice de merda – as grandiosas verdades que se descortinam DESORDENADAMENTE.
Imagem: Seonna Hong
Já tava com saudade do teu estilo surrealista de escrever.
ResponderExcluirDomingo só é emocionante no parque com o Gil ou num entardecer Titã...
Magnífico.
ResponderExcluirO fumo sempre sendo companheiro
ao nosso desassossego. Sempre
aliviando-nos os nervos, para
esquecer as tentativas de aliviar
a dor do peito.
Estou a segui-lo.
Antônio, você ama demais.
ResponderExcluirLa Carne es efímera. Não?
"everyday is like sunday"
ResponderExcluirTexto lindo!
ResponderExcluirE, Antônio, fui comentar no post de uma amiga e vi um comentário seu lá, dizendo que tinha achado o blog dela! É a Nath, do Vira Mapa (que está morando em NY). Adorei a conexão!
Beijo, querido!
tu és carne e sangue em revolução
ResponderExcluiràs vezes mais vale saltar um dia, dormindo
beijo
palavras tão intensas que nos sufocam tornando possível sentir o que é escrito!
ResponderExcluirsempre um prazer, te ler.
Dor de amor em pleno outubro é difícil de curar. A minha tem doído bastante, mas vem de agosto. rs
ResponderExcluirAmei, muito lindo.
ResponderExcluirNão sei bem... Nem bonito nem feito. Mais único, sabe.
ResponderExcluirParece que tu escreves jogando as palavras na parede, e, por acaso, elas formam um bom texto, com boas ideias contadas.
Sei lá. Muito estranho isso.
Abraços man!
• Sem Guarda-Chuvas •
Nem sempre existe lá o seu lado bom, vai.
ResponderExcluirAinda mais dores de amor, em pleno outono.
Quem aguenta?
Belo texto.
Blog envolvente.
Um beijo.
Revelando sentimentos
Seus textos são foda. Sério, sério.
ResponderExcluirEntendo o excesso de romantismo, sofro do mesmo mal...
"o coração tem mais quartos que uma pensão de putas". texto visceral Antônio. saudades daqui. :*
ResponderExcluirVocê escreve muito bem!!
ResponderExcluirwww.analogicbea.blogspot.com
Nu e cru. Assim como a verdade.
ResponderExcluirAqui do meu canto, me surpreendo com cada texto-maravilha teu.
ResponderExcluirQuerido LaCarne, tenho de confessar, teus textos me intimidam como nenhum outro blog para fazer comentários, o que gosto muito, enfim... sinto calafrios ao ler teus posts, espasmos físicos e psíquicos (é maravilhoso), sinto isso ao ler meu favorito Caio F. Gosto demais deste títulos, permite uma outra visão de um domingo ressacado de tudo, de amor, desamor, desejo, incompreensão, tempos perdidos e achados...para enfim as grandes verdades que se descortinam (talvez meu medo do teu blog seja isso). O medo nos mantém vivos.
ResponderExcluirps. Meu carinho meu abraço meu grande abraço.
é então, as vezes nem é bom pensar em tais verdades.
ResponderExcluirquer dizer, o melhor mesmo, é fingir que elas não existem. talvez, transformá-las em mentiras.
acontece.
www.youtube.com/watch?v=ieoBEBjkMc4
ResponderExcluirCada um lida com seus problemas do seu jeito...
ResponderExcluirSopram ventos de melancolia
ResponderExcluirTransparente é o cinza que a tua alma encerra
A minha pobreza é a falta de um par de asas
Encontrei um lugar de reinvenção das sombras
Pensei virar as costas ao tempo e ao deslumbramento
E aí houve estranhamente o amanhecer das minhas palavras
E passei para te deixar
Um mágico Abraço
Eu adoro seus textos, muito obrigado por escrevê-los sempre quase que por mim também. A recíproca é muito verdadeira, e sendo vc meu único leitor, sinto-me na obrigação de manifestar a admiração! beijos
ResponderExcluirrá!
ResponderExcluir"falso tolerante"... me soa ligeiramente familiar.
ResponderExcluir#difícil é quando todos os dias parecem domingo...
imagina aqui nas latitudes mais altas, que infernos de domingos
ResponderExcluirDesordenado e sujo.
ResponderExcluirDomingo me lembra auto piedade. Meu sofá aos domingos sempre parece mais fundo. A tv costuma ser ainda pior.
ResponderExcluirDomingo me lembra um tempo em que eu gostava desses dias em que não se tem o que fazer.
Dignamente bem dito, Antonio! O domingo é o dia que mais afeta os nossos afetos. Adorei a pintura!
ResponderExcluirBjos
Nossa! Forte e intenso, como eu jamais
ResponderExcluirconseguiria ou teria coragem de escrever.
Adoro te ler por este motivo...Coragem!
Te deixo uma frase que li mas não sei de
quem é..."Quero pintar as minhas mascaras
com a tinta de minha face!"...É isto!
Abraços