11.2.12

o direito de ser eu mesmo



começo assim: resolvo abraçar as minhas próprias verdades. e esquecer a massificação do tempo, das opiniões, das regras. há meses eu havia encontrado uma tática de sobrevivência no seguinte pensamento: “é preciso compensar o que se tem com o que se não tem”. fácil? não sei. por via das dúvidas aquele outro ditado antológico: “o que é do homem o bicho não come” também vem a calhar.

o engraçado é que perdemos tanto tempo com as insatisfações. a falta de tempo, o amor que não veio, o dinheiro que é curto, a viagem dos sonhos que precisa ser adiada, as relações de amizade que exigem, a crítica alheia, o aumento de peso, as frustrações quanto ao passado, presente, futuro etc.

num papo com uma amiga, ela veio com a seguinte frase de efeito: “você não tem culpa da insensibilidade alheia”. verdade. as pessoas nem sempre enxergam – ou querem enxergar – o que está ali, diante de suas fuças. e em outra conversa de bar (com outra amiga) chegamos a conclusão de que os neuróticos não somos nós, e sim os outros. filosofia do hell is other people.

então eu não quero viver na base do que poderia ter acontecido se eu fosse, fizesse, tivesse, quisesse, pudesse. a vida é hoje, aqui. morre-se por tão pouco, perdemos as estribeiras por bobagens, guardamos rancor aos montes, muitas vezes por pessoas que não valem uma merda de gato. o tempo passa numa velocidade nem sempre justa, e tudo é uma questão de atitude, coragem, equilíbrio.

não se assustem, as manhãs de sábado me deixam assim, inspirado na auto-ajuda como quem precisa compartilhar o pão, mesmo que com a ajuda de artifícios de “quinta”. mas não me importa se eu sou uma pessoa de quinta ou se o que eu digo não é lá uma grande novidade. eu não quero me importar se a minha cidade é problemática, ou se as pessoas perdem tempo com frivolidades, ou se sento numa mesa de bar e sou abordado por gente inconveniente.

não quero me deixar perder pelos pés na bunda, ou se fulano é popular enquanto sou um freak lutando por “reconhecimento”, ou se não sou tão bonito quanto eu gostaria, ou se a minha família não é perfeita, ou se não sou rico, ou se não sou sexy, ou se trabalho demais, ou se a minha roupa não é da moda e não condiz com o meu corpo, ou se a minha integridade artística me levará a algum lugar, ou se as minhas convicções sexuais me garantem dormir com o travesseiro num sábado à noite enquanto gente bonita, elegante e sincera está aí, sorrindo, cantando, dançando, ou se... ou se...

dane-se o “ou se” da vida, todos nós somos nossa própria obra de arte, e só a gente sabe quando os calos incomodam e é preciso mudar de tática.

eu sou eu, você é você, eles são lindos, sim, eles são lindos, e o que é meu ninguém tira.

um beijo, vou viver.

18 comentários:

  1. Antonio, nunca vi vc escrever assim! Que linod!! Amei demais / concordo muito!

    VIVA.

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  2. Cara,
    novamente muito bom! Gostei disso: "eu sou eu, você é você, eles são lindos, sim, eles são lindos, e o que é meu ninguém tira." Estaria numa canção perfeitamente!
    Abraço.

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  3. atualmente, ser quem se é, é artigo raro,

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  4. Texto lindo! :)
    Ser "você mesmo" é o melhor que você faz, sim.
    Beijo!

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  5. Arrasou! Se jogue! Sonia Pugas.

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  6. Bela reflexão do ser.
    Parabéns pelo blog!

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  7. Muito lindo amor.Você é uma adorável verdade.Amo tudo em você...


    Um beijo carinhoso

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  8. Adorei o texto e me acalma saber que algumas pessoas pensam como eu: VAMOS VIVER! Não temos culpa do que as pessoas são, pq elas não morrem? Tudo seria mais fácil, né? NÉ?

    Se cuida, GATO! =)

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  9. EXATAMENTE tudo que eu precisava ler, obrigada.

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  10. Que os leões diários também sejam mornos, mah friend.
    Sempre digo que o "e se..." e o "ou se..." são os nossos cânceres existenciais. Não se deixar consumir é um exercício diário, cansativo, mas deve ter alguma compensação.

    Minha avózinha querida também sempre diz que a vida é basicamente a indagação "Caso ou compro uma bicicleta?". Por ora, pedalemos.

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    1. miro, vc já está nomeado conselheiro de plantão. sábias palavras, sábais palavras, mah friend.

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  11. ah! Antônio seulindo, não sei COMO ou em que galáxia estava que não li esse seu texto antes, sério! mas li agora, e caralho - com o perdão da palavra - é isso mesmo, pôxa vida. o Miro disse tudo ali em cima fica até difícil comentar agora haha.

    olha, vou te dizer que o mundo precisa dessas manhãs de sábados tuas de auto-ajuda, sério! <3

    ;*

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    1. que bom que você gostou. mas é aquilo, chega um ponto em que não adianta dançar conforme a música, e a questão é ser você mesmo no matter what ON A REGULAR BASIS, no caso.

      beijo, querida, é sempre uma maravilha quando você aparece por aqui.

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  12. Faz muito tempo que não venho aqui, de coracao, perdoe-me. Mas quando volto, encontro esse texto lindo e tão significativo. A vida somos nós que fazemos. Com ou sem conselhos alheios. E como dizia Adélia Prado: "a vida rola mas não cai, a vida é bela". Abraços!

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  13. Juro que queria mandar uma frase de efeito, mas fiquei meio muda lendo, porque o tempo todo só saiu um sorriso de identificação pelas suas palavras :)

    Beijo!

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  14. Não há grito ou Caps Lock com que eu possa expressar minha pretensiosa identificação, então fica um obrigado ou coisa assim por ter escrito isto.

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  15. (Raquel)

    o melhor é ver a verdade dos outros! Parabéns pelo textão, boy

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