24.8.12
21.8.12
aos olhos fúteis da condição humana
de quebra, imaginaria almofadas
com desenhos de tigres que descansam em poltronas onde largo o corpo sem vida
daquele deus grego estampado na tv. então abro a geladeira, esquento o arroz no
microondas, faço biquinho enquanto na mente você atuou numa obra prima de
bergman entre os anos 60 e 70 e liv ullmann morria de ciúmes atrás da cortina
de veludo mais vermelha que o sangue. sangue igual ao leite derramado às 7:45
da noite após a primeira garfada. é que no silêncio do apartamento eu me
persigo tomando nota das possíveis resoluções traçadas com esmero entre as
páginas do diário. seria tudo em vão caso a ordem dos fatos significasse homem ama borboleta, garoto cai da bicicleta, pintamos de branco a parede do terraço.
13.8.12
nunca fui bom moço
o
amante de lady chatterley no pé da cama quando o domingo torna-se menos “nó na
garganta” e a segunda-feira triunfa nas ruas do meu querido terceiro mundo.
eu
sou o terceiro mundo.
segundo
alguns gatos pingados da cidade, “relevância” é um prato a ser servido durante
as 24 horas do dia. qualquer cruzada de pernas em momento indevido já é inadaptação
ao processo.
[gente
que troca o famigerado high society
intelectual por um membro de 23cm, ora bolas]
é
que na verdade sempre fui peixe e sempre morri pela boca.
e
quem sabe seria o máximo ser aquele por quem os sinos dobram, dear hemingway.
mas
enquanto isso, tudo é estratosfera.
5.8.12
filme: tiny furniture
Eu não poderia deixar passar em branco mais uma obsessão do
meu leque de obsessões: Tiny Furniture
– primeiro longa de Lena Dunham (atriz
principal, roteirista e diretora da série Girls).
Incrível, pois Lena atua, escreve e dirige as próprias
produções.
Até então, Girls
foi o grande highlight do ano pra mim, pois sou o tipo de pessoa que precisa
manter um alto nível de identificação, principalmente com filmes, álbuns,
pessoas... E Tiny Furniture supriu
qualquer expectativa rala que eu tivesse (afinal, expectativa maior que a boca,
olhos e coração é algo que realmente não recomendo, sequer, ao meu pior
inimigo).
O filme é sobre Aura,
que volta a viver com a mãe e irmã em Nova York depois de ter se formado em
Teoria Cinematográfica e ter sido abandonada pelo namorado. Os papeis de mãe e irmã são interpretados pela
própria mãe e irmã de Lena Dunham (Laurie Simmons e Grace Dunham).
Tiny Furniture trata da solidão do ser humano sem
qualquer pieguice ou melodrama. É um filme simples, que expõe de forma sutil a
escassez de comunicação, os laços que dissolvem o contato entre indivíduos.
Aura simplesmente vive os seus dias numa busca por aceitação, anulando-se como
a resposta que ela precisa para seguir em frente.
O filme já faz parte do meu top 10 de filmes da vida.
Incrível como uma boa ideia na cabeça, por mais que simples, faz a diferença. Tiny Furniture é uma espécie de
ilustração que retrata pessoas como nós, gente que trabalha, estuda, tenta um
lugar ao sol, busca uma forma de se expressar diante do mundo, do amor, das
frustrações.
Aura é obrigada a se contentar com um diploma sem
serventia, com a pressão da mãe (fotógrafa e bem sucedida) e irmã (adolescente
prodígio), com seu hamster de estimação que de repente morre, com a melhor
amiga que finge que o tempo não passou e que a amizade continua a mesma, com um
trabalho mal pago de hostess num restaurante, e com seu vídeo artístico que
atingiu 400 hits no YouTube. Além da ausência do amor e das supostas paixões imaginadas.
Aura vive e sobrevive as barras da vida. Super recomendo
com 5 estrelas impenetráveis.
(Tiny Furniture, EUA, 98 min.)
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